Saiba o que ainda falta para o Brasil garantir educação de qualidade e como podemos transformar essa realidade.
Educação de qualidade: o que ainda falta ao Brasil?
Por Carlos Santos
Introdução: Quando aprender ainda é um privilégio
Imagine um país onde estudar é obrigação, mas aprender é um ato de resistência. Onde há escolas, mas faltam professores. Onde há salas de aula, mas faltam cadeiras, livros e, principalmente, sentido. Esse é o retrato da educação brasileira em pleno 2025. Uma nação que se orgulha de sua diversidade, de sua cultura e de sua criatividade, mas que ainda não conseguiu garantir educação de qualidade para todas as suas crianças, jovens e adultos.
Educação é mais do que uma política pública: é uma promessa de futuro. E, quando ela falha, a sociedade inteira colhe as consequências. Este post é um convite para refletirmos juntos sobre o que está travando o progresso educacional no Brasil — e o que podemos fazer, de forma concreta, para virar esse jogo.
Mais do que acesso, é preciso garantir permanência, aprendizado e transformação
Se antes a luta era pelo direito de estar na escola, hoje o desafio é outro: garantir que o tempo dentro da sala de aula realmente se traduza em aprendizado de verdade. Educação de qualidade não é só matrícula — é transformação. É cidadania. É poder de escolha.
🔍 Zoom na realidade
Apesar dos avanços significativos nas últimas décadas, a educação pública no Brasil ainda é marcada por desigualdades gritantes. Dados do IBGE de 2024 mostram que mais de 9,5 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais são analfabetos, o que corresponde a cerca de 5,6% da população nessa faixa etária. Se somarmos os chamados analfabetos funcionais, esse número sobe drasticamente.
A pandemia escancarou feridas antigas e criou novas barreiras. Crianças sem internet em casa, professores despreparados para o ensino remoto e evasão escolar em alta. Mesmo com o retorno às aulas presenciais, estima-se que 42% dos alunos do Ensino Fundamental 2 estejam com defasagem de dois anos ou mais na aprendizagem.
E não para por aí: muitos professores enfrentam jornadas duplas ou triplas, baixos salários, violência escolar e falta de apoio pedagógico. Faltam bibliotecas, laboratórios, materiais didáticos atualizados — falta estrutura, falta política de longo prazo, falta prioridade.
“O maior desafio da educação brasileira não é descobrir o que fazer — é fazer o que já sabemos que precisa ser feito.”
📊 Panorama em números
Vamos aos dados que desenham o cenário da educação brasileira:
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2023: o Brasil não atingiu a meta em nenhum dos níveis avaliados.
Gasto público com educação: representa cerca de 5% do PIB, abaixo do ideal recomendado pela UNESCO (que é 6%).
Salário médio de um professor da rede pública: R$ 3.845,00, segundo o Censo Escolar de 2023.
Aprovação no Enem: apenas 2,3% dos alunos da rede pública alcançaram nota suficiente para entrar em universidades públicas em cursos concorridos.
Desigualdade regional: enquanto alguns estados do Sul e Sudeste apresentam desempenho próximo ao de países da OCDE, regiões do Norte e Nordeste enfrentam realidades de abandono e analfabetismo.
Esses números não são apenas estatísticas. Eles são reflexo de um sistema que falha com seus cidadãos desde os primeiros anos de vida até o ingresso no mercado de trabalho.
💬 O que dizem por aí
Educadores, especialistas, pais e estudantes têm muito a dizer sobre o que ainda falta à educação no Brasil. Veja algumas vozes ouvidas em pesquisa da Fundação Lemann e entrevistas de campo:
“Faltam políticas públicas de continuidade. A cada troca de governo, muda tudo.” — Jaqueline Silva, professora da rede pública de Recife.
“A escola precisa dialogar com a realidade do aluno. Ensinar conteúdos que façam sentido na vida dele.” — José Ricardo, aluno do ensino médio em Manaus.
“A falta de formação contínua e valorização dos professores é um erro estratégico do país.” — Daniel Cara, especialista em políticas educacionais.
Além disso, o relatório da OCDE de 2024 reforça que o Brasil precisa focar mais na qualidade do ensino do que apenas na expansão de vagas. Não basta estar na escola. É preciso aprender — e com dignidade.
🧭 Caminhos possíveis
Para mudar o rumo da educação brasileira, é necessário pensar em estratégias de curto, médio e longo prazo, que envolvam diversos setores da sociedade. Entre os caminhos possíveis, destacam-se:
1. Valorização real do professor
Aumento salarial com piso nacional respeitado.
Formação continuada com incentivos e suporte técnico.
Plano de carreira unificado e motivador.
2. Reestruturação da escola pública
Escolas em tempo integral com estrutura adequada.
Tecnologia aliada ao pedagógico, não apenas como enfeite.
Merenda de qualidade, bibliotecas ativas e acesso à cultura.
3. Gestão com foco em resultados de aprendizagem
Avaliação diagnóstica contínua, sem punição, com foco em recuperação.
Investimento em gestão escolar profissionalizada.
4. Integração com a comunidade
A escola precisa ser um polo de desenvolvimento social.
Projetos extracurriculares, rodas de diálogo e escuta ativa.
5. Educação como prioridade política
Criação de políticas de Estado, e não de governo.
Participação de educadores na elaboração de políticas públicas.
Esses caminhos exigem coragem política, compromisso ético e pressão social. E, sobretudo, exigem que deixemos de tratar educação como gasto e passemos a vê-la como investimento.
🧠 Para pensar…
“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” — Nelson Mandela
Mas no Brasil, muitas vezes essa arma está descarregada. E mais: travada por interesses, omissões e desigualdades históricas. A pergunta que fica é: por que insistimos em esperar que as mudanças venham de cima, quando temos o poder de transformá-las por meio do voto, da mobilização e da cobrança social?
Educação de qualidade não é utopia. É decisão. É coragem de romper com o comodismo e entender que cada criança fora da escola — ou dentro dela sem aprender — é uma falência coletiva da nossa nação.
📚 Ponto de partida
Se queremos, de fato, uma educação que transforme o Brasil, o ponto de partida é o engajamento de todos nós:
Pais que cobram das escolas.
Professores que resistem, mesmo sem estrutura.
Alunos que acreditam em seu potencial.
Jornalistas e blogueiros que denunciam e informam.
Cidadãos que votam em quem prioriza a educação.
“Educação é um ato político. Quem não entende isso, está condenado a manter o ciclo da ignorância.”
📦 Box informativo 📚 Você sabia?
O Brasil está entre os países com maior desigualdade educacional da América Latina.
Mais de 35% dos jovens entre 18 e 24 anos estão fora da escola e da universidade.
O analfabetismo entre indígenas e quilombolas é três vezes maior que a média nacional.
Apenas 8% das escolas públicas têm laboratório de ciências ativo.
Estima-se que o país levaria 75 anos para alcançar os níveis de leitura de países desenvolvidos, se continuar no ritmo atual (OCDE).
🗺️ Daqui pra onde?
A resposta está diante de nós: mobilização social e consciência política. A educação precisa voltar a ser pauta central — não só em época de eleição, mas todos os dias. Precisamos exigir compromisso, destinar recursos e entender que nenhum país se ergue sobre a ignorância.
Se quisermos um futuro diferente, temos que agir agora. Pela escola pública de qualidade. Pela valorização do professor. Pela aprendizagem significativa.
A escolha é nossa.
Âncora do conhecimento
📌 Para entender as razões por trás da baixa qualidade da educação no país e o impacto estrutural desse problema, clique aqui: Entenda as razões por trás da baixa qualidade da educação no Brasil
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