Entenda as razões por trás da baixa confiança na política brasileira e os caminhos para reconquistar a cidadania ativa.
Por que a confiança na política brasileira está tão baixa?
Por Carlos Santos
A política brasileira está no centro de um profundo ceticismo. Escândalos, promessas não cumpridas, polarização e falta de transparência minaram a confiança da população nas instituições e nos seus representantes. Hoje, somente uma parcela reduzida dos brasileiros acredita que os políticos e o sistema político defendem seus interesses. Esse quadro é preocupante para a democracia, que depende da participação ativa e do engajamento cidadão para funcionar.
Mas por que a desconfiança é tão profunda e persistente? Quais elementos estruturais e conjunturais explicam essa crise de legitimidade? E, principalmente, quais os caminhos possíveis para resgatar a esperança e fortalecer nossa democracia? Nesta análise clara, crítica e acessível, vamos revelar os números, debates e reflexões que ajudam a entender de forma definitiva esse tema que afeta a todos nós.
Confiança política: uma crise estrutural e multifacetada
🔍 Zoom na realidade
A confiança política no Brasil está em níveis historicamente baixos. Pesquisa recente da Ipsos-Ipec (junho/2025) mostra que 58% dos brasileiros não confiam no presidente Lula — índice estável em relação a pesquisas anteriores —, enquanto apenas 37% dizem confiar. Essa desconfiança também incide sobre o Congresso, o Judiciário e os partidos políticos.
O fenômeno não é apenas reação a um governo ou liderança específica. É parte de um quadro mais amplo que envolve:
Instabilidade institucional, com crises frequentes de governabilidade e impasses legislativos.
Conflitos sociais persistentes e protestos que refletem o descontentamento popular.
Corrupção e escândalos que impactam fortemente a percepção pública sobre a ética na política.
Falta de transparência e diálogo real entre representantes e representados.
Uma mídia que tanto informa quanto alimenta polarização e desinformação.
Esses elementos criam um ciclo vicioso: a população desconfia, cessa a participação e a fiscalização, o que enfraquece ainda mais a democracia.
📊 Panorama em números
58% dos brasileiros não confiam no presidente Lula (Ipsos-Ipec, 06/2025).
Confiança no governo avaliada como ruim ou péssima por 43% e ótima ou boa por apenas 25% (Ipsos-Ipec).
Pesquisa Edelman Trust Barometer (2025) aponta que a confiança nas instituições brasileiras caiu para 51%, abaixo da média global (56%).
Apenas 37% confiam no Congresso Nacional — campo marcado por baixa renovação e altos custos operacionais.
Em contraste, 65% dizem acreditar que o governo está pior do que esperavam (Ipsos-Ipec).
O Índice de Risco Político do Atlas Intelligence destaca o Brasil com um risco elevado, devido à instabilidade institucional e conflitos sociais.
Somam-se ainda a aprovação negativa do sistema partidário e a alta rejeição das campanhas eleitorais tradicionais.
Indicador | Percentual | Fonte |
---|---|---|
Confiança no presidente | 37% | Ipsos-Ipec (jun/2025) |
Desconfiança no presidente | 58% | Ipsos-Ipec (jun/2025) |
Confiança nas instituições | 51% | Edelman Trust Barometer |
Confiança no Congresso | 37% (aproximado) | Diversas pesquisas |
Insatisfação com governo | 65% | Ipsos-Ipec (jun/2025) |
💬 O que dizem por aí
Analistas políticos afirmam:
“A crise da confiança é mais do que um sintoma; é um ciclo de erosão das bases da democracia, exacerbado por corrupção, falhas institucionais e polarização.”
Líderes sociais e ativistas destacam que a apatia do eleitor é um reflexo da sensação constante de que seus representantes não os ouvem e não entregam soluções eficazes — acentuando o distanciamento da política.
Por outro lado, alguns especialistas veem oportunidades na expansão das redes sociais e movimentos cidadania digital para reaproximar o público da política, com maior transparência e acompanhamento das ações públicas.
🧭 Caminhos possíveis
Como restaurar a confiança política no Brasil? Destaco algumas diretrizes básicas:
Transparência real: fiscalização rigorosa do uso do dinheiro público e prestação de contas claras à população.
Reformas políticas: redução da fragmentação partidária, reforma do sistema eleitoral e financiamento de campanha, buscando mais representatividade e menos fisiologismo.
Educação política: fortalecer o ensino que desenvolva pensamento crítico e participação cidadã desde cedo.
Participação social ativa: incentivar o engajamento por meio de conselhos, audiências públicas e ferramentas digitais.
Ética e combate à corrupção: endurecer penas e aprimorar mecanismos contra desvios de poder.
Esses passos são urgentes para evitar o avanço da desconfiança e da apatia, que minam a democracia.
🧠 Para pensar…
“Como acreditar num sistema político que frequentemente não parece ouvir ou representar a maioria da população?”
Mais do que crítica, essa pergunta atende à necessidade de reflexão sobre que pacto social queremos e como cidadãos podem reconquistar seu papel ativo na política.
É preciso questionar não apenas os políticos, mas também o próprio funcionamento das instituições, o papel da mídia e nossa própria responsabilidade como eleitores.
📚 Ponto de partida
Para se aprofundar:
“Democracia em Crise: desafios da confiança”, artigo da Fundação Getúlio Vargas (2024).
Pesquisa “Edelman Trust Barometer 2025 – Brasil”, que aborda a relação entre confiança e ressentimento social.
Relatórios do Instituto Ipsos sobre percepção e confiança nos diversos poderes no Brasil (2025).
📦 Box informativo 📚 Você sabia?
O Brasil tem uma das maiores taxas de corrupção segundo o Índice de Percepção da Transparência Internacional, o que fortalece o ceticismo da população.
Apesar da baixa confiança, a taxa de abstenção nas eleições nacionais permanece abaixo da média mundial, sinalizando que ainda há interesse expressivo pela política.
O Judiciário brasileiro tem aumentado sua presença nas decisões políticas, o que, para alguns analistas, pode gerar efeito paradoxal, reforçando crises institucionais.
Ferramentas digitais de acompanhamento do gasto público têm crescido, mas ainda contam com baixa adesão e dificuldade de compreensão popular.
A polarização política no país tem elevado a radicalização, dificultando o diálogo e a construção de consensos.
🗺️ Daqui pra onde?
O caminho da reconstrução da confiança política passa pelo engajamento consciente, institutos mais eficazes de controle, um sistema político menos fragmentado e lideranças comprometidas com ética pública. A renovação não virá do vazio, mas da pressão contínua de uma sociedade que, apesar de tudo, ainda acredita no poder transformador da política.
2025 será um ano decisivo, com eleições e reformas em discussão — importantes momentos para desconstruir o ceticismo e abrir espaço para a esperança.
⚓ Âncora do conhecimento
👉 Quer entender melhor o impacto das fake news nas eleições e na democracia brasileira?
Clique aqui e confira o post: Descubra como as fake news manipulam votos no Brasil e ameaçam a democracia — leia agora!
Leave Comments
Postar um comentário